sexta-feira, 13 de maio de 2016

O verdadeiro Rock das Aranhas

Se você já teve relações sexuais com uma mulher, deve (deveria) ter feito sexo oral nela. Talvez você achou que teve um bom desempenho. Talvez não. Mas relaxe, sua dúvida será sanada. Você mandou mal. Mal se comparado à aranha Caerostris darwini, nativa de Madagascar. O macho da espécie não tem papas na língua - na verdade eles nem tem línguas - e chega a salivar no epígino, órgão genital feminino, até 100 vezes durante a cópula. Incluindo aí preliminares, durante a fornicação e “after”. O estudo foi divulgado na revista Nature.

A espécie foi descoberta em 24 de novembro de 2009, aniversário de 150 anos do livro “A Origem das Espécies. Por isso o Darwini no nome. Mas esse comportamento raríssimo só foi descoberto em abril, quando o resultado da pesquisa feita por cientistas eslovenos foi publicado. Outros pesquisadores já sabiam que alguns mamíferos praticam felação, como leões, lêmures (eles não se remexem muito à toa) e chimpanzés. Mas cunilíngua é algo ainda mais raro.

Como quase todo mundo sabe, as aranhas fêmeas costumam canibalizar o macho após a cópula. O motivo? Não é raiva por um sexo ruim, mas sim um sacrifício do macho. Se a fêmea estiver bem nutrida, é mais provável que ela sobreviva e seus genes sigam em frente. Além do fato de que os machos não costumam copular uma segunda vez, então whatever. A vida selvagem não é fácil. Primeiro que, por serem animais solitários, encontrar uma fêmea é complicado. Segundo, escapar dos predadores e sobreviver de uma possível batalha contra outro macho para transar é uma grande vitória para os pequeninos.

A C. darwini, como boa parte das aranhas, possuem a fêmea maior que o macho. Nessa espécie, o menino tem um terço do tamanho das pretendidas. Tirando da língua matemática, quer dizer que uma fêmea equivale a três boys aranhas. É como se o falecido Nelson Ned, 1,12m, transasse com uma mulher de 3,36m. Mas ao contrário de outras espécies, a Darwini não aproveita do seu tamanho para forçar o “sexo oral” no macho. Todos os machos analisados na pesquisa apresentaram esse comportamento.

Não há uma resposta definitiva sobre o motivo dos boys-aranhas caírem de boca na fêmea. Existem duas possibilidades: uma é que as enzimas presentes na saliva (você sabe como as aranhas comem?) mostrem a qualidade dele. Parecido com o macho da espécie ser humano, mas sem a parte das enzimas e saliva. O segundo motivo é que a saliva possa reduzir a chance do esperma de outros machos fecundarem os óvulos a fêmea, novamente aumentando a chance do seus genes continuarem na terra.

Mas nem tudo são flores para eles. Eles ainda correm risco de serem canibalizados. Fora que, para garantir essas já citadas “maiores chances” de fecundação, o macho pode deixar o recorrer ao “plugging”, ato de despejar uma espécie de cola na abertura do órgão da fêmea, que seca após a cópula, ou cortar os seus pedipalpos (par de pernas ao lado das guelíceras, responsável por depositar o esperma no epígino) trancando a entrada. Já ouviu o termo da língua inglesa “cock-blocking” (“empata foda” na versão brasileira)? É quase literalmente isso, já que o macho “ejacula” pelo órgão reprodutor que fica no abdômen e não pelo pedipalpo.


Na próxima vez que você for para a cama com uma mulher, lembre-se: não basta ser só um leão. Você tem que ser uma aranha Darwini. Só que fique ligado que quantidade não é qualidade e uma salivada bem dada pode não só te garantir mais transas como também perpetuar os genes - ou uma relação. E se prepare para ser comido.